terça-feira, 11 de outubro de 2011

Quem tem medo do crescimento?

O jornal mineiro Diário do Comércio publicou no dia 6 de outubro um artigo de Ricardo Loureiro, presidente da Serasa Experian e Experian América Latina, com o contundente título “Bolha, só se for de equívocos”. 

Fala a respeito de todos os alertas que vem sendo dados desde o início do ano, de que o aceleramento do crédito (principalmente imobiliário) poderia estar acarretando uma crise econômica, semelhante a que aconteceu nos Estados Unidos em 2008 e continua incomodando outros países do hemisfério norte. Segundo o artigo, os brasileiros não precisam se preocupar. Estaríamos apenas crescendo. 

 A matéria começa esclarecendo que o termo bolha não é adequado ao mercado de crédito. O termo “bolha” está, na verdade, ligado a especulação: “o descolamento significativo e prolongado do preço de algum ativo financeiro ou real dos seus fundamentos”. A associação é normalmente feita, pois bolhas especulativas normalmente são precedidas, sim, por booms de crédito. Mas existem outros fatores envolvidos. 

 Foto: fabioromeirogullo.blogspot.com

Ainda que apontadas por muitos como vilãs, quem salva o Brasil da bolha, segundo a matéria do Diário do Comércio, são as altas taxas de juros. Para que a bolha aconteça, é necessário que estas estejam próximas do zero ou negativas. A taxa real de juros de nosso país é uma das mais altas do mundo. Por este motivo, os bancos brasileiros não tem necessidade de se aventurar por mercados de alto risco para capitalizarem-se, como aconteceu nos EUA e alguns países da Europa.

Não param por aí as diferenças. No Brasil, os bancos operam em um mercado regulatório e fiscalizatório que é exemplo para outros países do mundo. Lá fora, os empréstimos de alto risco são praticados sem este tipo de controle, deixando as economias sujeitas a riscos e derivativos exóticos e até imprevisíveis. Desta forma podemos dizer que a expansão de crédito no Brasil ocorre sob rigoroso monitoramento por parte da Autoridade Monetária, que pratica medidas para coibir excessos.

Entre os indicativos de “bolha”, aparece o aumento nos valores dos imóveis, que apresentam altas de pouco mais de 100% em algumas regiões metropolitanas ao longo dos últimos três anos. Isso é reflexo do crescimento da demanda: os consumidores estão mais confiantes, as classes C e D estão em ascensão e pelas mudanças nos financiamentos imobiliários a partir de 2005, alavancados pelo programa “Minha casa, minha vida”.

Depois de uma letargia de quase vinte anos no setor imobiliário, com baixos investimentos em mão de obra, produção de insumos e bancos de terrenos, ele foi pego de surpresa pelo crescimento da demanda. A oferta não conseguiu evoluir no mesmo ritmo, fazendo com que os preços subissem.

Segundo o jornal, ao contrário do muito que se diz, não se vislumbra uma bolha de crédito no Brasil e sim “um movimento saudável de crescimento de crédito (...) e tem tudo para se tornar mais um case  de sucesso perante a comunidade financeira internacional”.

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